Começo por dizer que eu pertenço ao grupo de pessoas que não parte para a leitura de um livro sem ler a sua sinopse. Talvez tenha já ocorrido com um ou dois autores mas, normalmente, leio sempre. Neste caso, foi novamente uma sinopse que me despertou o interesse neste "A Dança das Estrelas". Apesar de ter o "Prodígio" na estante, nunca tinha lido nada da autora, embora já tivesse recebido opiniões muito positivas sobre a mesma.
Este livro fala-nos da enfermeira Julia Power que trabalha num hospital, dirigido por religiosas, mais precisamente na ala da maternidade, com grávidas infectadas pelo Influenza, numa altura em que a Irlanda estava devastada pela guerra e onde este vírus dizimava a população.
A história tem a particularidade de ser contada em poucos dias e, na sua grande parte, dentro de um quarto da maternidade, com condições lastimáveis, onde as brilhantes descrições que nos são reproduzidas originam uma sensação de sufoco. São vários os trabalhos de parto que nos são descritos de forma bastante detalhada (e às vezes um pouco gráfica) e que conduzem o leitor a uma angústia constante.
Ao longo do livro, tomamos contacto com diversas personagens bastante interessantes e ricas nas suas histórias de vida. São-nos apresentadas mulheres fortes com passados complicados, como a Dr.ª. Kathleen Lynn, uma médica procurada pela polícia por ser uma revolucionária do Sinn Féin. Esta personagem torna-se ainda mais interessante, uma vez que se baseia numa pessoa real. Para além da personagem já indicada, outras personagem têm uma enorme riqueza e uma importância no desenrolar da histórias como a própria enfermeira Julia e a sua jovem ajudante.
"A Dança das Estrelas" é um livro que se lê de forma bastante célere e sôfrega, uma vez que o leitor dá por si a ansiar por saber o desfecho dos vários episódios que se vão desenrolando no interior daquele quarto. Todavia, a autora passou por todos os temas, à excepção dos pormenores dos partos, de forma algo superficial. Gostaria de ter lido mais sobre como era a vida na Irlanda em plena pandemia, sobre o comportamento da Igreja à época e sobre o impacto da guerra.
A autora acabou por não aprofundar estes temas, o que me deixou, enquanto leitora, algum dissabor. O último capítulo é o mais importante e o que mais gostei do livro. Embora considere que a história termina de forma algo abrupta. Emma Donoghue poderia ter-se "demorado" mais em toda esta trama cheia de potencial.
A titulo de curiosidade, a escritora explica que esta obra foi começada em 2018, inspirada na Gripe Espanhola, e que, pouco depois de entregar o rascunho à editora, em Março de 2020, o mundo actual entrava em estado de pandemia. Como é evidente, existem alguns detalhes no livro que nos permitem identificar pontos em comum e fazer paralelismos com a realidade actual, mesmo passados mais de 100 anos.
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